Ângelo Lopes, Samira Vera-Cruz e Rita Rainho são os autores dos projectos seleccionados para a 1ª edição do UpCycles, residência artística na área de audiovisual e multimédia organizado pela AAMCM - Associação dos Amigos do Museu do Cinema em Moçambique.
Iniciativa destinada a artistas visuais emergentes, dos PALOP e que desenvolvam a sua prática artística em campos vários de execução multimédia a selecção para participação na residência foi feita mediante apresentação de um ante-projecto para a re-utilização de recursos de arquivos audiovisuais públicos e/ou privados. O programa da residência busca promover “o conhecimento, o acesso e a reutilização dos arquivos audiovisuais dos PALOP, ao mesmo tempo que chama a atenção para a necessidade premente destes serem preservados e conservados”.
Para esta primeira edição foram seleccionados projectos de sete artistas, de Angola, Cabo Verde e Moçambique. De Cabo Verde tiveram os seus projectos aprovados Ângelo Lopes – que com Rita Rainho (Mariazinha Silva) representa o colectivo Oficina de Utopias – e Samira Vera-Cruz, da Parallax Produções.
Intitulado “Camarad(as)”, o projecto de Ângelo Lopes incorpora, conforme a sinopse, a “urgência da criação de um Glossário da Mulher Combatente na luta de libertação de Guiné Bissau e Cabo Verde, enraizando-se profundamente nos arquivos fotográficos da referida participação feminina, e dilatando um espaço para aquelas memórias perdidas nas gavetas íntimas das nossas heroínas”.
Já Samira Vera-Cruz submeteu o projecto “Di Nos” onde dá voz a Conceição, ou Maria di Nhanha, que viajou a 4 de Agosto de 1967 em direção a Lourenço Marques, Moçambique. ““Di Nos” (Nosso) traz-nos o ponto de vista desta mulher que teve de fugir de 12 anos de seca, fome e morte”.
Financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, a residência UpCycles decorre em Maputo de 26 de Agosto a 7 de Setembro, altura em que encerra com uma exposição na Fortaleza de Maputo dos trabalhos desenvolvidos pelos participantes.